A cultura da escola e a formação docente
Mônica Samia
Os programas de formação de professores devem ter como meta "transversal" a instauração ou o fortalecimento de uma cultura de cooperação na escola a fim de que esta se torne cada vez mais um espaço propício para a aprendizagem
Quando perguntamos que tipo de comunidade de trabalho favorece o desenvolvimento do profissional reflexivo e que tipos de relações devem prevalecer, logo pensamos na questão do "isolamento" do professor em seu ambiente de trabalho. De certa forma, esta é uma característica predominante nas escolas há muito tempo. Fatores como a falta de tempo, a sobrecarga de trabalho e até mesmo a maneira como as escolas estão organizadas em termos espaciais interferem negativamente para perpetuar tal situação. Nesse sentido, uma força poderosa que alavanca as mudanças é justamente a tomada de consciência da necessidade de superação desse estado e o esforço para que essa prática deixe de ser solitária e passe a ser solidária.
Fullan (2000) utiliza uma expressão interessante para definir o movimento de transformação que tem ocorrido nas escolas, denominado de "pensamento de grupo". O estabelecimento dessa nova atitude pressupõe conversas freqüentes entre os professores sobre a prática de ensino e a criação de uma linguagem comum; observarem-se mutuamente enquanto ensinam, planejar, avaliar, estudar, pesquisar e preparar juntos diferentes materiais. Esta é uma questão complexa, pois envolve uma mudança pessoal por parte dos professores, uma vez que é preciso sair do isolamento e aventurar-se para a experiência coletiva, e uma mudança também para as instituições, visto que é preciso rever padrões e reorganizar rotinas previamente estabelecidas a fim de se conquistar esse ambiente coletivo. Nesse contexto, as ações formativas, sejam elas desenvolvidas por formadores externos ou pelos profissionais da própria escola, constituem elementos favoráveis, porque pressupõem a formalização desses encontros, o intercâmbio e a colaboração entre professores e demais profissionais, fortalecendo o próprio movimento de mudança que lhes é peculiar.
A construção de uma cultura cooperativa e solidária é muito complexa, é um processo longo, que envolve lutas de força, de poder, dentro e fora da escola, já que esta é um produto da sociedade. Contudo, há muitos fatores favoráveis para que tal mudança ocorra. Em várias situações, o clima institucional interfere tanto na produtividade do trabalho que esse movimento emerge dos próprios professores, que buscam uma qualidade melhor nas suas relações profissionais. Segundo Fullan (2000):
"ensinar sempre será um trabalho exaustivo; os professores estão envolvidos em centenas de interações, em circunstâncias potencialmente geradoras de tensão. A todo momento você tem um contato bastante íntimo, dia a dia, com um grande número de crianças e jovens, em uma sociedade bastante complexa; tudo isso é um desafio, mesmo para os professores mais dinâmicos. Há, no entanto, dois tipos de exaustão. Uma delas decorre de batalhas solitárias e de esforços não-valorizados, de perda de referenciais e de sentimentos corrosivos de desesperança, levando o professor a acreditar em sua incapacidade em fazer diferença. O outro tipo é aquele cansaço que é parte do trabalho duro, que significa ser um elemento de uma equipe, um reconhecimento cada vez maior de que você está engajado em uma luta cujo esforço é válido e um reconhecimento de que aquilo que você faz acarreta uma diferença fundamental ao colega desencorajado ou ao aluno revoltado."
Assim, a cultura instaurada na escola faz muita diferença quando pensamos no profissional comprometido com sua qualificação. Um dos maiores desafios de um programa de formação é exatamente instaurar na escola o que Rosenholtz (1989) denomina escolas em movimento ou enriquecidas em termos de aprendizagem. Elas são escolas nas quais predomina a cultura da cooperação: mesmo os professores mais experientes acreditam que ensinar é difícil e, portanto, jamais podem parar de aprender a ensinar. Nessas escolas, as relações de poder são mais horizontais, ao menos no que se refere à tomada de decisões, que deixam de ter uma conotação de imposição e passam a ser consideradas como ajustes necessários ao desenvolvimento do trabalho coletivo. Dessa forma, o professor passa a ter uma visão mais ampla da escola e das questões que extrapolam os limites da sala de aula. Isso envolve a ampliação e a valorização do processo de liderança compartilhada, em que as questões da instituição são discutidas e analisadas coletivamente, em que os professores passam a participar das decisões e das reflexões que orientam os "caminhos" da instituição. Essa atitude não significa uma ameaça aos diferentes papéis desempenhados pelas pessoas, mas uma redefinição do modo como as decisões são tomadas e os problemas são resolvidos.
Portanto, os programas de formação de professores devem ter como meta "transversal" a instauração ou o fortalecimento dessa cultura na escola a fim de que esta se torne cada vez mais um espaço propício para a aprendizagem. Para isso, é necessário compreender a cultura que foi construída em cada instituição, seus valores, suas formas de funcionamento e, em uma relação de parceria, modelada pelas atividades do programa e pelas ações do formador, "provocar" reflexões que repercutam positivamente nesse modelo de escola como "uma instituição que aprende". Uma das grandes contribuições desse modelo de formação para a instauração de uma cultura que seja mais democrática e que propicie a aprendizagem é justamente a possibilidade de reconhecer que o profissional de educação é um eterno aprendiz, que os saberes são transitórios, motivo pelo qual são transformados, assim como a própria sociedade.
Como parte da sociedade, a escola também se movimenta para enfrentar os desafios inerentes a todo processo de mudança. Isso pode ser feito nos encontros com a equipe de professores, coordenação e direção, na reflexão sobre os papéis dos demais funcionários da escola, na elaboração compartilhada de documentos curriculares, na criação de centros de estudo, na construção de um vínculo de confiança entre os profissionais e os formadores, enfim, nas relações interpessoais, que extrapolam a dimensão profissional e valorizam o professor como uma pessoa integral.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
FULLAN, M.; HARGREAVES, A. A escola como uma organização aprendente. Porto Alegre: ArtMED, 2000.
ROSENHOLTZ, S. Teachers workplace: the social organization of schools. Nova York, Longman, 1989.
Responda:
1. O QUE VOCÊ JULGA IMPORTANTE PARA A SUA FORMAÇÃO? CURSOS, PALESTRAS, SEMINÁRIOS,…?
2. VOCÊ REUNE COM OUTROS PROFESSORES PARA TRATAR DE ASSUNTOS RELACIONADOS À SUA SÉRIE? TRABALHA COM PROJETOS INTERDISCIPLINARES? COMENTE.
3. QUAIS PROJETOS QUE VOCÊ ESTÁ DESENVOLVIDO NA ESCOLA? QUAIS TURMAS ENVOLVIDAS? RELATE SOBRE SEU PROJETO.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
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1-Julgo importante cursos,desde que não seja repetição dos ja feitos,palestras e seminários.
ResponderExcluir2-Sim, não só com os da minha série, mas também com os das outras séries.Sim,trabalhei com o tema Copa.
3-Estou trabalhando os projetos do livro Ler e Escrever Lendas e Mata Atlântica,terminamos o projeto( Poemas )Olimpíada de Língua Portuguesa.Todas as quartas séries fazem parte desse projeto cada um desenvolvendo em sua sala de aula Ler e Escrever,estou trabalhando também com jornal e revistas.
1-Como diz o texto ,o professor é um eterno aprendiz.Tudo é importante e se faz necessário para crescermos e melhorar o nosso trabalho ;mas, é preciso cursos ou outro tipo de formação , que indique outras atividades para ser trabalhado com os alunos que apresentam maiores dificuldades de aprendizagem.
ResponderExcluir2-Sim,e acho muito importante. E sempre comento sobre os alunos de maiores dificuldades e peço a sua colaboração.Trabalhei com o tema Copa com leituras informativas e atividades a ele relacionados.
3- Estou trabalhando o Pojeto Animais da Mata Atlântica do livro Ler e Escrever.E como disse acima,o tema Copa que envolveu a escola toda.
• 1 – Cursos, palestras, seminários e outros tipos deformação são bem vindos. Porém, tem que haver tempo, momento apropriado para isso. Não dá para o (a) professor (a) trabalhar o dia todo e ter formação em período de “descanso”. Somos os profissionais que mais levam trabalho para casa (elaboração e correção de provas, preparação de aulas, organização dos materiais (cadernetas). A informação é a alma do bom profissional, é importante ressaltar que o aprimoramen to se dá de diferentes formas , seminários , palestras , cursos são importantes,mas não se pode desprezar os compromissos pessoais que cerca a vida de cada um.
ResponderExcluir2 – Trocar idéias com os professores da mesma série é sempre bom, sempre recorrro aos professores da mesma ´série que eu. e durante o intervalo converso com os profs. s para esclarecer dúvidas gerais.
3 – Estou trabalhando os Projetos do Programa Ler e Escrever e também trabalhei o Projeto da Copa
Sou a favor de cursos desde que não precise levar mais tarefa para casa.
ResponderExcluirNão me reuno com outros da mesma série. Trabalho com projetos e este ano já trabalhei com o Projeto Copa. Nele, muito de interpretação com diversas formas textuais, reescritas, leituras informativas, linha do tempo da copa, história e geografia dos paises vizinhos e participantes da copa do mundo,informações gerais sobre o pais que sedia a copa, na matematica tabela e graficos sobre os resultados de outras copas, divisão usando a zebra como tema, na arte, confecção de todas as bandeiras dos participantes da copa 2010. Como reposição de aula de greve estou usando o Projeto Bula e tem como objetivo levar o aluno a reconhecer informações contidas numa embalagem de medicamento, com os alunos analisar a embalagem do medicamento, reconhecer o nome do produto, informações para que ele é indicado, instruções de uso, efeitos do medicamento, indicações do que consta na bula, elementos que entra na composição do medicamento, cuidados que se devem ter com o medicamento, recomendações em relação às crianças, recomendações de consulta ao médico, item que atesta origem e idoneidade do medicamento (registro e CNPJ), nome e endereço do laboratório farmacêutico onde o medicamento é fabricado, data de fabricação. Tem ainda o projeto Ler e Escrever que trabalho toda quarta-feira em sala de aula.
tudo que diz respeito a educação.Cursos, seminários, congressos, HHTPC,e outros.
ResponderExcluirProcuro sempre trocar idéias com outros professores, pois sempre aprendo muito. a interdisciplinaridade tem que ser trabalhada, pois so assim acredito que o aluno possa aprender mais e com qualidade.Desenvolvo os seguintes projetos:Aluno construtor da paz e aluno talento; projeto lendas. projeto universo ao meu redor e projeto poesias.
1- Acho importante estar em constante aprendizagem, cursos que acrescente que não seja repetitivo, palestras que traga enriquecimento para que possa melhorar sempre a aprendizagem e o relacionamento com os educandos.
ResponderExcluir2- Troco idéias com professores da mesma série e também de outras séries.Trabalho com os projetos do livro Ler e Escrever, cantigas, copa...
3- Estou desenvolvendo os projetos do livro Ler e Escrever, trabalhei copa, cultura popular.
1.Acho importante todas as oportunidades que possam enriquecer minha experiência, desde os cursos, palestras, seminários, quantos os livros que devemos comprar e nos dedicar para nos mantermos atualizados sempre.
ResponderExcluir2. Sim, sempre que podemos nos reunimos. Como a sala foi atribuída a mim apenas em 10/08, tive oportunidade de trabalhar com o projeto que a professora titular estava desenvolvendo, que era o da Copa e do Folclore. Por meio deles, consegui trabalhar matemática, português, além de conseguir mencionar história e geografia.
3. Ainda, não consegui desenvolver nenhum projeto de minha autoria, conforme explicado na questão n° 2.
Acho que cursos, palestras e seminários são importantes para enriquecer nossas experiências, sempre que surge oportunidade procuro participar.
ResponderExcluirSim, sempre que possivel. Estou trabalhando com o Projeto Universo ao meu redor. Todos participam,pois trata-se dos problemas do planeta, envolve muita pesquisa.
1.Para uma efetiva formação, é basica não só falar sobre didática ,como também concretiza-las em atos a serem utilizadas em sala,debatendo,explorando novas formas de ensinar.
ResponderExcluir2.Sempre que se reúnem dois ou mais professores é impossivel não falar-se sobre trabalho,constantemente há uma troca de experiência em relação a projetos,os mesmos já são previstos no planejamento anual.
3.Os projetos são Cantigas de Roda e Animais do Pantanal.No 1º Semestre ,a fim de alfabetização foi trabalhada o Projeto Cantigas de Roda,onde a cada escrita verificava-se avanços nas hipóteses de escrita e leitura dos alunos.
O objetivo inicial é de que os alunosos alunos escrevam sem saber ler,utilizando-se do recurso sa escrita de um texto que se sabe de cor,onde pode adequar a fala á escrita é básica ,até a promoção o dominío do sistema da escrita,
No 2º Semestre seria um projeto com o intuito de enriquecer e ampliar os conhecimentos já existentes a certca de cada animal elegido no projeto ,todos do pantanal.
1.Qualquer tipo de curso é bem-vindo com certeza . Porém, deveria ter tempo para isso ,em um momento apropriado. Hoje qualquer curso é sempre no horário contrário ao nosso ,vamos cansados para lecionar. Somos os profissionais que mais levam trabalho para casa (elaboração e correção de provas, preparação de aulas, organização dos materiais (cadernetas). A informação é a alma do bom profissional, é importante ressaltar que o aprimoramento se dá de diferentes formas , seminários , palestras , cursos são importantes,mas não se pode desprezar os compromissos pessoais que cerca a vida de cada um.
ResponderExcluir2 – Na verdade o profesor sempre esta trocando idéias.Em uma roda de conversa é impossÍvel não falar do assunto,por isso,isto,é fato constante em nossa vida de educador.
3 – Estou trabalhando os Projetos do Programa Ler e Escrever e também trabalhei o Projeto Meio Ambiente e São José dos Campos no mundo(algo que amei fazer ,já que vim de fora e não conhecia sua história)
1.Com certeza acho importante estar em constante aprendizagem, cursos que nos acrescente algo que não seja repetitivo, como estão sendo os cursos oferecidos a nós educadores ultimamente.
ResponderExcluir2- Troco idéias com meus colegas frequentemente ,nossas aulas são até planejadas juntas adequando as necessiadades de cada sala.
3- Estou desenvolvendo os projetos do livro Ler e Escrever.